Novas notícias a todo o momento, a importância de ficar em casa, não ter contato com as pessoas, risco de contaminação, a necessidade de ter que trabalhar entre outras diversas situações geram sentimentos e emoções como ansiedade, medo, tristeza e angústia, impactando diretamente o nosso comportamento e contribuindo também com o estresse.
O estrese se desenvolve quando os recursos emocionais não são suficientes para enfrentar situações de perigo ou de desafio, gerando certo desequilíbrio emocional. Por incrível que pareça, é importante que seja sentido o estresse para que a gente consiga sair da nossa zona de conforto, mas esta sensação quando está em excesso resulta em sintomas emocionais (irritabilidade, euforia) e também físicos (coração acelerado, desconforto abdominal, alterações do sono). Estar em estado de estresse faz com que o organismo tenha um gasto de energia grande, e por isso nos sentimos também dores no corpo e dificuldades para processar os pensamentos.
O estresse pode ser gerado por fontes externas (política, problemas familiares, desempenho, entre outras) e também pode ocorrer através das fontes internas (a maneira que pensamos sobre as situações e sobre as nossas atitudes, e emoções). A maneira como interpretamos e julgamos as situações podem gerar e até mesmo agravar o estresse.
Os principais sintomas do estresse no corpo são as dores de cabeça, nos ombros, dor muscular, aumento da acidez no estômago, problemas de pele. Em nossa mente as principais sensações são a vontade de fugir de tudo, tédio, apatia, raiva, ansiedade e alterações no sono (hipersonia ou insônia). O estresse também pode afetar o relacionamento entre as pessoas por causa da irritabilidade, o comportamento de se isolar dos outros e de se sentir desiludido com as outras pessoas. Também atinge a nossa cognição provocando dificuldades na tomada de decisões, pensamentos catastróficos e outros pensamentos involuntários, dificuldade para se concentrar nas tarefas e falhas na memória.
Pensamentos de insegurança e medo
pode gerar a ansiedade em relação à contaminação. Mesmo sendo pensamentos que geram sensações desagradáveis, também tem a função de nos proteger nos tornando mais cautelosos em relação a possíveis danos. É importante neste caso focar naquilo que podemos controlar, por exemplo, é possível ter o mais próximo possível um frasco de álcool gel 70º, e seguir as recomendações de saúde (distanciamento, lavar as mãos, usar corretamente a máscara). Reconhecer o que está em nosso controle é uma maneira de enfrentar este tipo de pensamentos de insegurança e medo. Não temos o controle de outras coisas como a economia, política, nem sobre o número de pessoas que foram contaminadas, ou quem não cumpre com a quarentena.
Pensamentos de solidão
podem acontecer com maior frequência neste período de distanciamento social. Nem sempre nos sentimos a vontade com quem estão próximos, e isso pode gerar certa incerteza sobre coo ficarão as amizades no futuro. Neste momento é essencial que utilizemos da tecnologia para nos conectar com quem gostaríamos de estar por perto. Continue compartilhando seus pensamentos e emoções com as pessoas na qual confia. Também compartilhe coisas boas, assuntos interessantes além do contexto da pandemia. Este apoio emocional é bastante importante de contribuir, mas também de aceitar.
Pensamentos de incapacidade
também ocorrem com frequência neste momento em que estamos vivendo. A sensação de incapacidade em lidar com as bruscas mudanças do dia a dia como ter que lavar as mãos sempre, usar as máscaras de maneira correta lavando com frequência, trocar a cada duas horas ou quando molhar, as aulas online das crianças entre outras coisas. É importante reconhecer que a todo o momento estamos nos adaptando aos momentos da vida, as diferenças das responsabilidades de quando éramos adolescentes até quando nos tornamos adultos, quando aprendemos a dirigir ou começa em um novo emprego. É possível se adaptar a ter que deixar os sapatos do lado de fora ou lavar as compras ao chegar do mercado. Estamos sempre nos adaptando. Ao morar com outras pessoas dividir as novas tarefas pode torna-las menos exaustivas, inclusive atribuir tarefas as crianças.
Pensamentos em relação ao futuro
aumentam o sentimento de ansiedade. Geralmente são pensamentos negativos e catastróficos. Esses pensamentos geram o sentimento de angústia, e a intensidade é tão ata que todos esses pensamentos automáticos se tornam a mais pura verdade, mesmo nunca tendo acontecido. Nesse momento é importante mudar o foco, por exemplo, pensar nas possibilidades de algo positivo dar certo em vez de pensar apenas nos fatores negativos.
Neste momento de pandemia é importante salientar a necessidade de cuidados com as crianças, os idosos, pessoas com deficiência e doença mental. Ajude as crianças falar como estão se sentindo para que se sintam aliviadas. Os jogos e brincadeiras vão ajudar para que elas se sintam a vontade para compartilhar seus pensamentos e emoções. Fale com as crianças sobre a Covid-19 e mostre a elas o nosso papel para a diminuição do contágio. Mantenha uma rotina em casa sobre o horário de acordar, alimentação, e proponha atividades para que elas também se sintam incluídas como ajudar a fazer um bolo ou ver um filme que seja da idade delas.
Alguns idosos estão em condição de isolamento do resto da família por serem do grupo de risco, ou moram sozinhos. É essencial entrar em contato com essas pessoas demonstrando apoio, compartilhar notícias positivas e falar sobre o que estão pensando e sentindo.
Pessoas que apresentam problemas cognitivos, podem se sentir perdidas e confusas, dificultando o entendimento sobre o que está acontecendo. É necessário explicar pacientemente e da forma mais clara possível quantas vezes necessárias, e também tranquiliza-las sobre a importância dos novos hábitos e cuidados. As pessoas com algum tipo de doença mental não devem ficar sem suas respectivas medicações. Ajude a pessoa que você convive a planejar a medicação controlada, e a entrar em contato com o profissional da saúde que acompanha esta pessoa se for necessário.
O que mais é possível fazer para aliviar o estresse neste momento de pandemia da Covid-19?
Deixe os pensamentos ansiosos fluírem, e em seguida mude o foco. Se estiver se sentindo agitada, procure áudios de meditação guiada, ou faça você mesmo. Inicialmente meditar parece ser uma tarefa árdua e impossível, mas a verdade é que é simples e prazerosa. Tente parar por um minuto, sente-se confortavelmente e sinta a sua respiração. Preste atenção no ar que entra, no ar que sai, sinta passando pelo nariz e saindo pela boca. Com o passar dos dias, aumente o tempo de duração desse processo de sentir a apenas a respiração focando no momento presente. Fazer meditação contribui para a capacidade de se concentrar, fortalecimento dos processos de memória, diminui a ansiedade, logo, auxilia na redução do estresse.
Realize atividades que tragam bem estar, dando prioridade ao descanso e ao sono, fazer leituras de livros e revistas, ver filmes, encontrar com amigos virtualmente para conversar ou jogar, ficar mais próximo das pessoas que moram na mesma casa, por exemplo. Relaxe e aceite a realidade. Aplique técnicas de relaxamento e respiração, reconhecendo que não podemos mudar a realidade, mas podemos cumprir com os hábitos de prevenção (máscara, lavar as mãos e distanciamento social).
Quando estiver se atualizando das informações, garanta que são fontes confiáveis e administre-as para que não receba informações em excesso.
Existem vários recursos para focar na diminuição do estresse. A psicoterapia tem o foco em auxiliar a pessoa a lidar com as questões emocionais que se relacionam ao estresse. Em alguns casos, é necessária a avaliação de um médico psiquiatra. Atividade física e terapias integrativas, como por exemplo, a acupuntura ou musicoterapia, auxiliam na redução na tensão muscular. A melhora da alimentação também auxilia na redução de estresse e melhora do humor.